quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Caneta que pinga
Os que preferem a Amazônia que me perdoem, mas não há melhor lugar para se estudar Antropologia do que uma mesa de bar. Da mais polida bancada de mármore ao mais encardido ladrilho hidráulico, um bar é lar de quase todas as ansiedades, angústias e alegrias de um ser humano.
Mais que qualquer ideia simplista de alcoolismo, os botecos sempre me pareceram uma espécie de abrigo. Filha de mineiro com baiana, sei desde cedo como tirar chopp com colarinho, fazer salmoura, marguerita, diferenciar Jack de John. Aos 21, estudando Jornalismo, no calor desumano do Rio, o gosto por garrafas nevadas só podia mesmo vir a crescer.
A ideia de escrever diariamente sobre esse hábito - também quase diário - e seus templos sagrados, os pés sujos, vem de uma admiração profunda por essa tradição universal.
Sem desprezar Dry Martinis e Grey Gooses, dedico esse espaço aos refúgios imundos, com pedaços de carne banhados em gordura velha, os cartazes promocionais quase pornográficos, aos garçons com as camisas abotoadas só até o umbigo e aos respeitabilíssimos clientes assíduos. Os pedreiros, porteiros, motoristas, vizinhos, executivos no happy hour, mendigos, estudantes... As pessoas sem frescura são mais que bem-vindas.
Eu, Rafaella Rambaldi, me proponho aqui a essa paixão cultural que é um botequim. Com texto sempre nesse tom, sobre cervejas sempre geladas e personagens sempre boa praça, no auge de suas rusticidades.
Entra, fala o que quiser, conta a tua ressaca, vai lá na geladeira e fica a vontade! Aqui, até patricinha pode cuspir grosso.
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